Robôs: da mitologia ao investimento
A noção de que robôs são equipamentos que se movem sozinhos é histórica
A noção de que robôs são equipamentos que se movem sozinhos é histórica
Em novembro de 2022, surgiu na internet uma notícia impactante para os usuários e preocupante para a Google: criado pela OpenAI, que tem Elon Musk como um dos fundadores, foi lançado o robô ChatGPT — atualizado, no último dia 14 de março, para o modelo GPT-4, mais avançado e atualmente disponível para usuários pagantes.
O ChatGPT é “apenas” um site com uma tela que lembra um entre dezenas de apps de trocas de mensagens que existem no celular, com a diferença de que quem responde “do lado de lá” é uma inteligência artificial (IA) governada por algoritmos. Como isso e uma máquina de linha de montagem são ambos robôs?
A noção de que robôs são equipamentos que se movem sozinhos é histórica e data, pelo menos, da Grécia antiga, com o mito de Pigmalião e Galateia — embora, naquela época, a palavra e o conceito como os conhecemos hoje ainda não existissem.
Conta a lenda, narrada pelo poeta romano Ovídio (43 a.C.–17[8] d.C.), que Pigmalião, exímio escultor da ilha de Chipre, criou uma estátua de mulher tão perfeita que se apaixonou por ela e pediu à deusa Afrodite uma noiva que fosse a semelhança viva da sua escultura de marfim.
Com pena, Afrodite concedeu-lhe o desejo, e Galateia, a estátua de Pigmalião, ganhou vida. Não por acaso, Galateia é também o nome de uma personagem do filme O Homem Bicentenário (Bicentennial Man, 1999), inspirado em um conto de Isaac Asimov (1920–1992), em que Robin Williams fez o papel de um robô que busca tornar-se humano.
Modernamente, o primeiro uso da palavra “robô” ocorreu em 1920, na peça Rossumovi Univerzální Roboti (Robôs Universais de Rossum), do escritor tcheco Karel Čapek (1890–1938), que traz o conceito de robôs como seres artificiais criados para realizar, de maneira obediente, o trabalho dos seres humanos.
Inventada, segundo o próprio Karel, por seu irmão Josef Čapek (1887–1945), também escritor e pintor, a palavra foi extraída de “robota”, que, no tcheco e outras línguas eslavas, significa trabalho forçado.
O mito de Pigmalião e Galateia e a peça de Čapek ajudam a esclarecer o que, afinal, é um robô: trata-se de um dispositivo programado para executar, de forma autônoma, um conjunto de tarefas complexas que normalmente são perigosas, indesejáveis, menos eficientes ou impossíveis de serem realizadas por pessoas.
O “de forma autônoma” — ou, em alguns casos, semiautônoma — é parte essencial do conceito de robô e foi por isso que se saiu da noção de que robô é necessariamente uma máquina “física” para se incluir também os softwares que, graças a sua programação e algoritmos, ganharam autonomia.
O dispositivo, máquina ou software autônomo é capaz de realizar todo o conjunto de tarefas sem qualquer intervenção humana. No caso dos semiautônomos, é necessário que um operador ative ou dê instruções adicionais para o robô concluí-las — mas, em ambos, ele precisa concluir sozinho ao tomar suas próprias decisões. Se não, não é robô.
Por isso, são robôs a máquina da indústria 4.0 que, na linha de montagem, cria uma peça sozinha depois de analisar variáveis ambientais; e o ChatGPT, que, graças à IA, interpreta a pergunta que você faz, formula a resposta e ainda aprende com os feedbacks — mas a lavadora e o micro-ondas da sua casa, por exemplo, não são.
Uma área em que os robôs do tipo software, como o ChatGPT, têm-se destacado é a de investimentos, e aqui vamos nos concentrar em um tipo específico de robô recentemente pesquisado pelo time de consultoria da Pieracciani: o robo-advisor.
Realidade desde 2008, os robo-advisors são programados para facilitar e aprimorar investimentos por fintechs, corretoras, gestoras de investimentos, gestoras de patrimônio e instituições financeiras, entre outras.
Utilizando IA, eles são capazes de gerenciar carteiras de investimento com pouca ou nenhuma participação de um especialista humano e, sozinhos, por meio de algoritmos, constroem o portfólio, fazem o rebalanceamento da carteira de investimentos e a diversificação de ativos.
O robo-advisor busca informações sobre o momento financeiro atual e objetivos futuros, usa os dados para dar conselhos e pode investir automaticamente os ativos dos clientes — e os melhores oferecem configuração fácil de contas, planejamento robusto de metas, gestão de portfólio e recursos de segurança. Os serviços, aliás, são oferecidos a preços mais baixos que os similares de consultores humanos.
O algoritmo de um robo-advisor indica as melhores estratégias de investimentos em consonância com o perfil de investidor da pessoa mapeada por eles e com as metas que essa pessoa informa ter para sua vida em um horizonte variável de anos, ou seja, de acordo com o prazo de manutenção das aplicações.
Além disso, uma das principais características de um robo-advisor é a diversificação de investimentos. Eles alocam fundos para ativos de alto e baixo risco. Afinal, o objetivo é aumentar a rentabilidade da carteira do investidor ao mesmo tempo que se protege o patrimônio.
Por todas essas razões, o robo-advisor é especialmente indicado para investidores que não têm exímio conhecimento técnico ou experiência. De modo geral, é uma forma de diminuir os obstáculos vivenciados pelos usuários que têm medo de se aventurar pelo mercado financeiro.
Há quatro gerações de robo-advisors, conforme o gráfico a seguir.
No exterior, o Betterment — primeiro a surgir — e o Wealthfront estão entre os robo-advisors mais famosos e estão disponíveis online.
O Betterment, criado em 2008, é o robô de uma empresa norte-americana de consultoria financeira com investimentos digitais e serviços de gerenciamento de caixa, que se propõe ajudar os usuários a atingirem suas metas financeiras.
Os principais produtos financeiros da Betterment são ETFs, criptomoedas e ações — e, na lista de investimentos, é possível alocar recursos no metaverso, causas socialmente responsáveis, tecnologia e muito mais.
Já o Wealthfront é o robô de uma empresa com sede na Califórnia e foco em serviços de investimento automatizado. Com o objetivo de aproveitar ao máximo o investimento aplicado, há um portfólio diversificado focado em investimentos de longo prazo.
O Wealthfront oferece portfólios em causas socialmente responsáveis, portfólio clássico e de indexação direta. É possível conciliar os valores pessoais com metas financeiras, investindo em ações aliadas a causas éticas, por exemplo. Tudo isso atingindo o lucro projetado do investimento.
Além de análises e aplicações no mercado financeiro, há robôs que fazem uma série de outras tarefas no dia a dia e com os quais você já deve ter entrado em contato, talvez até sem saber.
De criação de imagens digitais a robôs humanoides, que emulam fala, emoções e expressões humanas, listamos alguns na imagem abaixo. Que tal visitar o futuro, que, na verdade, já chegou?
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